terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Vida que segue

Ontem eu vi você. De longe, de costas. Reconheci antes mesmo de ver qualquer movimento seu. Aí você deu uma risada. Inclinando a cabeça pra trás, com a mão na barriga, como um personagem de desenho animado. A mesma risada que deu em tantos momentos divertidos naquele tempo em que estava tudo bem. Até ri junto, mesmo sem fazer ideia do motivo. Depois, o coração apertou de um jeito que só uma saudade de verdade faz. Quase atravessei a avenida pra ir te dar um oi. Atravessaria a cidade, se soubesse que tudo seria como antes. Só que quando você mudou, as coisas também mudaram. Lembrei disso e o coração ficou um pouco mais apertado, daquele jeito que só uma grande mágoa faz. Desisti de ir até você, parei de olhar e segui em frente. No caminho, tive uma ou duas lembranças de quando suas risadas se misturavam com as minhas. Tudo me pareceu tão distante, que nem consegui formar memórias completas. Como se fosse uma música antiga, que você sabe que gostava, mas não lembra muito bem da melodia, nem sabe mais como era a letra. Aí o coração sossegou, daquele jeito que só o desapego faz.

Nenhum comentário: