terça-feira, 26 de junho de 2012

Sobre deixar ir

Agora que eu não te amo mais é que te amo mesmo. Antes esperava algo em troca. Algo que nunca veio, e eu de certa forma sabia que não viria mesmo, mas o tal do amor sempre arruma um jeitinho de iludir. Aquele amor que rasgava o peito e dava frio na barriga passou, e eu simplesmente deixei que ele fosse embora. Passou e você não sentiu. Depois disso já vieram melhores, e nem por isso te esqueci; já vieram piores, e nem por isso quis você de volta. Que sensação libertadora essa de não ter que provar nada. E que delícia é receber sem esperar. Com inéditos e intensos abraços apertados de saudade. Com a certeza de que aquele amor bruto foi lapidado pelo tempo, virou um amor nobre, caro e raro, que reluz respeito e carinho. Virou amizade, que não por acaso, rima com liberdade.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Deixe estar


Quero que você fique. Não por minha vontade, mas pela sua. Por mim, você ficaria pra sempre, mas quero que fique o quanto quiser. Só enquanto quiser. Que goste e veja vantagem. Sem compromisso nem obrigação, só porque acha bom. E se diverte tanto quanto eu. Por não ver problema no meu jeito pouco ortodoxo. Quero que você fique pra brigar e esquecer meia hora depois. Pra reclamar que eu como pouco e durmo ainda menos, pra não entender quando eu falo rápido e sempre me pedir pra repetir. Fique porque eu gosto e você sabe demais. Pra virar do avesso. Pra me dar orgulho, pra me dar saudade, pra contar novidades com empolgação de criança. Fique pra me fazer acreditar que certas coisas foram feitas pra dar certo e pronto. Sem quando, como e onde. Fique por achar que é pra ser assim. Sem garantia nem promessa, apenas fique.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Saudade: substantivo atemporal

Mais um dia 7 de junho. Você não está aqui pra fazer 22 anos, não há o que comemorar, hoje quem faz aniversário é a saudade. Parei pra ler o que te escrevi em 2011 e vi que tanto faz o ano, as palavras se repetem. É sempre você fazendo falta, e o medo de não conseguir mais lembrar da sua voz, que me aperta o coração sempre que vejo sua foto ao lado da cama. Já faz muito tempo, e acho que nunca vou me acostumar. Essa saudade que ficou no seu lugar já tem 9 anos e vai me fazer chorar sempre, não tem jeito. Inclusive agora... e no ano que vem, quando eu for reler isso.

domingo, 3 de junho de 2012

Insomnia

Quando você dorme pouco, tudo o que pensa é que poderia ter dormido mais, e esquece que poderia ter dormido menos. E quando dorme cada vez menos, começa a perder a hora, depois, a noção do tempo. Dia e noite se misturam tanto que fica difícil ter certeza se é pesadelo ou a vida indo mal. Também não dá pra dizer se é sonho ou felicidade mesmo. Essa é a parte boa... ainda bem que existe uma.

Bilhete

Quando a gente se conheceu, tinha calor demais, e você tava num mau humor de dar medo. Sinceramente eu só lembro disso e da minha saia. Sei lá o que a gente conversou. Depois, sua mochila, minha meia arrastão, um CD que não sei onde foi parar, um papo bom, seus pedidos de desculpas, uma música linda, meu cheiro em você, e só. Um Ray-Ban, muriçocas, futebol, outra vez seu mau humor, a praia, outra vez meu cheiro em você. E tantas vezes isso, que hoje o cheiro que gosto em você é o meu. Não me leve a mal, mas tô indo embora enquanto você dorme, e ainda vou levar seu desodorante. Pra usar junto com meu perfume toda vez que eu sentir saudade da sua cama.