Eu já fiz rodelinhas de massa de modelar pra misturar ao doce de banana de alguém que não gostava, já misturei molho inglês na coca-cola desse mesmo alguém. já fiz meu irmão comer gesso prometendo que viraria chiclete, e fui expulsa várias vezes da aula de religião por questionar a veracidade dos escritos bíblicos. Num colégio católico, diga-se de passagem, onde colei na prova de catecismo e omiti pecados em confissão pra passar menos tempo fazendo as orações que me perdoariam. Já cortei os cabelos longos na altura da orelha, contra a vontade da minha mãe, e pintei de vermelho selvagem (sim, o nome era esse) contra a vontade do mundo inteiro. Na faculdade, já perdi matérias por faltas, pela simples satisfação de ficar do lado de fora da sala conversando. E já abandonei um curso no último período, um na metade e outro no último período. Nesta exata ordem. E não me arrependi, mesmo ouvindo diariamente que era uma loucura, aliás, três loucuras. Já fiz pessoas que eram unha e carne comigo se tornarem minhas desconhecidas, sem nunca ter sentido falta da presença delas. Já deixei de ir a vários lugares por preguiça, pelo tempo nublado, ou pelas duas coisas. Já fiz várias coisas sem contar a ninguém, e várias coisas escondidas. Já tive o amor mais platônico do mundo, e insisti nele. E disse não a uma grande oportunidade de ser feliz. Já me apaixonei por um cara que nunca valeu a pena, e continuei, mesmo sabendo que ele não vale o que o gato enterra. Já fui grossa com gente que amo, e delicada com gente que odeio. E 90% dos conselhos que as pessoas sensatas me dão, eu não sigo. E isso tudo estou dizendo só pra você ter a certeza de que eu não vou deixar de fazer o que me dá vontade. E o que me interessa.
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