terça-feira, 29 de julho de 2008

Muitos parênteses.

Quando eu era bem pequena, depois de ler "A Maldição do Espelho" , de Agatha Christie (provavelmente o primeiro não-infantil que li), inventei de escrever um livro. Não lembro exatamente como era a estória, mas devia ser bem boba, o fato é que eu havia gostado do verbo "indagar", que até então era novo pra mim, e resolvi usá-lo na minha obra. Bom dia, fulana! - indagou beltrano. E o primeiro adulto que leu meu primeiro (e único) capítulo, me informou de maneira pouco simpática que indagar era 'perguntar', e não 'falar'. A lição ficou, mas a vontade de escrever, passou. Devo ter ficado traumatizada com o jeito delicado de ser criticada, ou então, simplesmente enjoei daquela idéia, o que não é muito difícil de ter acontecido.
Depois, passei a escrever empolgadíssima as redações da escola. Não que fossem boas, na verdade eram bem ruins, mas eu gostava de escrever, até que fui melhorando. Escrever virou a minha válvula de escape. Hiperatividade, tristeza, insônia, ansiedade, tédio, raiva, dor de cotovelo, tudo pra mim se resolve com papel e caneta (e agora teclado) desde sempre.
Sem falsa modéstia, algumas coisas que escrevi realmente foram muito boas (quem leu meus clássicos 'os pássaros', 'a seca', e outros textos escritos durante aulas de matemática, sabe disso), mas outras tantas são dignas do lixo. Várias vezes já pensei em fazer um livro com os textos que ficaram bons, claro que não pra vender, talvez pra dar aos meus amigos como lembrança dos meus 30, 40 anos, sei lá. Mas não vai dar. Basicamente porque os bons textos mais antigos eu perdi, e os mais recentes, sempre direcionados a alguém, quando escritos à mão, não guardo uma cópia, nem faço rascunho. Os que mando por e-mail são pessoais demais, não dá pra publicar.
Geralmente nas madrugadas em que não tem ninguém pra conversar comigo, chega a inspiração, e faz um bom trabalho. Porque diferente de todo o resto, quando eu releio essas cartas, não mudo nada. É tudo tão redondinho, que eu preciso mandar ao destinatário (que quase sempre é o mesmo). E anos depois, eu vejo a caixa de saída dos meus e-mails e lá estão os meus escritos. Eu releio e acho ainda melhores, aí tenho certeza que estou perdendo a mão pra coisa, porque nem se eu forçasse muito, escreveria aquilo novamente.
Tá explicado o motivo desse blog. Escrever à toa, sem nenhum tipo de pretensão. Escrever à vontade, sem ficar revisando o tempo todo. E guardar aqui as cartas que eu não mando.

5 comentários:

Anônimo disse...

Quando você for uma escritora de sucesso ou quando seu blog for descoberto pelo Brasil, lembre que eu fui das suas primeiras leitoras, testemunhando a criação (nas aulas de Matemática) de dois dos seus maiores clássicos. Os ótimos : "A feiúra" e "A seca", que inclusive estão comigo.

Anônimo disse...

agora- indagou carol - teria andressa roubado os clássicos de Amanda?
Tami vergonha sujeita

Unknown disse...

Ahhhh, Andressa passa pra ela postar aqui. Fiquei curiosa agora :)

Murillo Oliveira disse...

tia escrever ensina vc a escrever. eheheh, uma vez peguei uma redação minha do 1° ano, morri e vergonha de ter escrito aquilo. pensei na coitada do professora, mas nada como a patica para melhorar um pouco. so um pouco, ainda erro muito, e detesto voltar e ler o que escrevi pra corrigir.

Murillo disse...

a próxima foto é sua. ehehe, ainda boto um link pro seu blog. heheh